Loucura Materna: A chegada de um irmão

terça-feira, 7 de outubro de 2014

A chegada de um irmão

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A maternidade é um processo pelo qual a maioria das mulheres anseia: a sensação de gerar uma vida, de ter um ser que depende de você mais do que de qualquer outra pessoa no mundo, indefeso, frágil, inocente. É uma expectativa que nunca se repete, mesmo quando a gestação não é a primeira. Nestes casos, no entanto, surge uma nova questão: a aceitação com a chegada do irmãozinho. Afinal, o ciúme de ter que, "de repente", dividir uma mãe que antes era só dele, não deixa de ser normal e esperado. O ponto então passa a ser como lidar com isso e preparar o filho mais velho para dividir espaços e atenções.



A gravidez, já é uma época de mudanças. Os hormônios se alteram, o corpo se transforma para abrigar duas vidas, a casa se adapta a mais uma pessoa na família. E é neste ponto que a colaboração de todos é essencial. É preciso paciência para compreender e aceitar que, muito provavelmente, o filho mais velho não vai gostar da novidade, mas também é preciso segurança e carinho para impactá-lo o mínimo possível com essa mudança de situação.
Se você precisará do berço para o neném que vai chegar e já está na hora de seu filho mais velho passar para a cama, procure fazer isso bem antes do nascimento, para que ele não relacione o fato de deixar o seu berço para dar lugar a quem ainda vai chegar. Mostre a ele que já é um rapazinho ou mocinha, que já está na hora de dormir na sua própria cama, e que berços são para bebês. Mostre que é uma evolução normal do processo de crescimento, não uma cessão de espaço para outra pessoa. Outro ponto importante é fazer com que ele faça parte desta mudança. Deixe que ele escolha e ajude a arrumar o quarto do bebê, por exemplo.
A família também pode ajudar conversando com ele sobre como todos gostariam que ele ajudasse a cuidar do bebê também - e delegue algumas responsabilidades, sim. Deixe-o dar mamadeira, chame-o na hora de trocar a fralda, peça para que a ajude a dar banho no irmãozinho. Enquanto isso, conte a ele como era quando ele mesmo era bebê e como você sentia falta de ter alguém que a ajudasse da forma como ele a está ajudando agora.
Mostre que é bom ser o filho mais velho, que ele poderá ensinar o irmão a jogar bola ou a irmãzinha a desenhar, que ela a ajudará a escolher o penteado da irmãzinha ou a roupa nova quando for comprar para ambos. E lembre-se, sempre, de dar ao mais velho, também, um espaço exclusivo do seu tempo de vez em quando, deixando o mais novo com alguém da família enquanto pergunta sobre o seu dia na escola, sobre o último filme que viu ou simplesmente o abraça apertado no colo. Esses cuidados são fundamentais com o filho mais velho, pois o objetivo é que ele continue sentindo-se pertencente à dinâmica da família, agora com a chegada do irmãozinho.
Uma das formas de ajudá-lo nessa ressignificação da estrutura familiar que se modificou é convidá-lo a ser colaborativo e especial na arte de ajudar. No entanto, há de se tomar cuidado com a interpretação que ele dará à esse novo papel de irmão mais velho. Muitos primogênitos, na tentativa de serem aceitos pelos pais, acabam maximizando esse lugar e por isso se responsabilizando em excesso com as situações que envolvem o irmão. Os pais, por sua vez fortalecem esse comportamento com muita aprovação, pois acham “graça” e não percebem as preocupações dimensionadas que geram na criança, que por sua vez acaba-se tornando ansiosa com tanta responsabilidade que ela mesma pode ter se atribuído a partir do olhar de satisfação dos pais.
O efeito colateral que isso pode trazer na vida adulta é o distanciamento de si em detrimento do outro, acreditando muitas vezes inconscientemente que, para se sentirem plenos e felizes, as pessoas deverão vir em primeiro lugar, deixando suas escolhas e desejos muitas vezes esquecidos. Para evitar esse problema, observar o comportamento do filho, dialogar para compreender o que ele pensa e como se sente é tarefa fundamental e deve ser rotineira. Valorizar o interesse genuíno quando o primogênito se envolver com atividades é válido, mas deixar claro que decisões importantes serão tomadas por adultos, enfatizando que a maioria das coisas competirão aos pais e que ele ainda continua sendo criança e por isso, atuando no mundo como criança.

Autora: Thaiana Brotto (CRP 06/106524) é pós-graduada em Terapia Comportamental e atende na clínica Psicólogos Berrini.

Um comentário:

  1. Sou Psicóloga e uma mãe de 3 lindinhos. Adorei o seu artigo. Parabéns. Bjs.

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obrigada pelo comentário!

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