Acesso a medicamentos pela farmácia popular e acompanhamento médico ainda não se traduzem no controle da asma. Foi o que revelou o estudo ProAsma realizado pelo Centro Infantil do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS. Segundo a avaliação, metade das crianças com asma em idade escolar não tem a doença controlada, o que impacta diretamente em suas atividades cotidianas. “O controle da asma é essencial para a saúde da criança e também para seu bom desenvolvimento. Crianças com asma não controlada dormem mal, não conseguem fazer atividades físicas, perdem dias de aula, podendo apresentar quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima”, explica o pneumologista pediátrico Paulo Pitrez, diretor do Instituto.
O especialista ainda alerta sobre a importância de observar o histórico de cada paciente. “A asma deve ser avaliada levando em conta a adesão ao tratamento e o controle dos sintomas. Muitas vezes, recorrer ao atendimento médico para tratar os sintomas no momento da crise é considerado como correto tratamento da doença, quando, na verdade, a quantidade de crises e busca rotineira pelo pronto-socorro devem acender o alerta de que pode se tratar de uma asma grave, que necessita de tratamento diferenciado”.
Outro dado da pesquisa que chama a atenção é que mais de 60% dos pais admitem esquecer com frequência as medicações de manutenção dos seus filhos, o que compromete o tratamento e aumenta o risco de novas crises da doença. “A asma é a doença crônica mais comum na infância e, apesar de não ter cura, com o tratamento adequado é possível proporcionar melhor qualidade de vida”, explica o especialista. “Quando o paciente deixa de seguir as orientações médicas, o risco de novas crises e internações aumenta, prejudicando o dia a dia não só da paciente, mas também da família, que deixa de trabalhar para se dedicar as necessidades da criança como ir ao pronto-socorro, fazer consultas e tratamento de emergência”.
Segundo a pesquisa, no último ano, quase 70% das crianças perderam dias escolares em decorrência das frequentes crises e das consultas emergenciais, 50% precisaram utilizar corticoide oral e apenas 30% fazem uso contínuo da medicação de manutenção. É preciso estar atento também para reconhecer a classificação da gravidade da doença e tratá-la de maneira correta. Muitos crianças com asma leve a moderada conseguem controlar a doença com tratamento à base de corticoides inalados e broncodilatadores de longa duração. Em outros casos, considerados graves, o paciente, mesmo em uso dessas medicações, passa por internações frequentes, o que não pode ser encarado como um procedimento normal. Nesses casos, o tratamento pode ser reavaliado, incluindo o uso de abordagens terapêuticas mais eficazes e específicas como a anti-IgE – bloqueador de anticorpo que desencadeia a reação alérgica.
O levantamento apontou ainda que muitos pacientes (55% dos casos) convivem com fumantes no domicílio. “Aproximadamente 20% da crianças em idade escolar tem asma e quase 10% são hospitalizados anualmente, o que resulta em um enorme problema de saúde pública, impactando na qualidade de vida, e elevados custos diretos e indiretos para a sociedade”, alerta o especialista.
A pesquisa contou com o apoio da farmacêutica Novartis e foi realizada com 2.500 crianças, com idade média de 11 anos, em sete escolas públicas de Porto Alegre. O objetivo do estudo foi avaliar a prevalência e o impacto da asma em escolares, tanto no aspecto de qualidade de vida do paciente como no manejo da doença. “Os resultados mostram que as estratégias de manejo de asma em saúde pública devem ser amplamente revisadas, com importante ênfase na abordagem educacional da doença e de hábitos de vida saudáveis”.
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