Eu era daquelas pessoas que reparavam em crianças dando escândalo em lugares públicos. Mesmo depois que meu mais velho nasceu, eu reparava. Me enchia daquele pensamento “Ah, se fosse comigo, meu filho jamais faria isso”.
Deve ter sido pelo tanto de meditação que fazia com meus alunos quando estava grávida do primogênito que o fez nascer tão calmo. Não me lembro de nenhum chilique em lugar público. Deve ter tido algum. Mas ele é calmo, tranquilo, obediente. Sempre escutou o que explicamos. E eu também sempre fui muito brava. Então, o problema daquelas crianças era a criação (até porque, parece que quando a criança é fofa, é algo dela, e quando é brava, é criação).
Mas ser mãe é pagar a língua e enfrentar tudo o que reparou. E aí eu engravidei, não dava aulas (então, não fiz tanta meditação) e tive uma necessidade louca de comer tudo com pimenta, justo eu que sempre detestei comida apimentada. Adivinha a personalidade dessa pessoinha que gerei?
A minha caçula é um ser à parte: em tudo é diferente do irmão mais velho – tanto a parte física, quanto a personalidade. Não dormia no carro; mamava o dia todo; chorava muito; bate, morde, belisca; sorri e manda beijo para todos na rua (o verdadeiro vereador bebê) e... faz birra e grita em lugares públicos. Assim mesmo, do tipo que a gente repara.
E não é que não tem educação ou é a queridinha mimada da casa. Não é que eu faço todas as suas vontades ou ela nunca fica de castigo – ela tem 2 anos e antes de completar 1, já entendia o significado dessa palavrinha. Então, educação, ela supostamente recebe.
Só que pensa na cena – shopping, restaurante, loja, etc. – lugares que as crianças não gostam, mas precisamos ir, às vezes, com eles – e na criança que berra, se joga no chão, tenta bater quando segurada, fica no chão gritando, mesmo que vá embora. Se você viu essa cena, era eu.
Outro dia, em um restaurante que tinha área infantil, ela gritava tanto, tanto (por causa da p#%*&$# da comida) que todos começaram a olhar. Meu marido fez aquela cara de “poxa, tá todo mundo olhando, Sofia” e eu perdi a cabeça... Disse em alto e bom som “desejo que todo mundo que está reparando tenha um filho assim para ver o que é bom para tosse”. Ai, ai... se você ouviu isso recentemente, fui eu, me desculpe!
E por causa de tudo isso, não tenho a menor paciência para sair com as crianças. Não tenho babá e, por exemplo, agora, em uma cidade nova, de mudança, eles ainda não estão na escola. Então, quando saio, levo as minhas mochilinhas junto. Só que toda vez que saio, volto esgotada e sempre me pergunto 300 vezes antes de abrir a porta se vai valer a pena o desgaste para todos nós.
Sugestões, soluções, compartilhar sentimentos semelhantes ou opostos... estou super aberta. Afinal, a gente precisa repensar e aprender sempre nessa jornada materna, não?
Sofia Amorim é dona do Buteco Feminino, há 5 anos enlouquecida pelo Cauê, e há 2 pela Catarina.
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Sofia, parece que estou vendo vc falando do João, que também sempre foi assim e eu nunca deixei de sair com ele, apesar de todo stress. Pode parcer clichê oque vou te falar mais isso também passa viu.Eu costumo dizer que não posso aliviar com o João porque se ele ver uma brecha ela começa tudo de novo, mais já melhorou muito viu...
ResponderExcluirForça para você querida, ai ai só quero ver o encontro João e Catarina kkkk
Michelle Imilio
Eu uma vez fui com Matheus ao shopping, ele devia ter uns 4 anos. Estava com um pedaço de cenoura na boca já fazia 1 hora e eu precisei sair e leva-lo. Chegando no shopping, eu ele e a cenoura, ele viu a barraquinha de sorvete e fez o maior escanda-lo que queria. Eu saí de lá com ele se debatendo no meu colo, por que não queria engolir a cenoura. Casais jovens me olham com repressão e um casal mais velho, com certeza que já tinham filhos, olhando como "já passei por isso".
ResponderExcluirTodo mundo um dia paga a língua. Acho que só o exercício de sair é que vai fazer com que eles um dia aprendam. Adorei o texto =)
Ai Sofia... vamos nos abraçar!
ResponderExcluirPensava exatamente como você, imagina que filho meu vai fazer birra em público, aqui ó.
Mas o Gremelin quando molha é isso aí, tem que correr senão sobra pra todo mundo. E haja paciência!!
Passa né? É fase né? Né? Né? (Diz que sim!)
Obrigada por escrever aqui no Loucura, adorei o texto. Beijos