Loucura Materna: Onde acaba a vida virtual e começa a real?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Onde acaba a vida virtual e começa a real?



É uma praga, um vício, uma síndrome. A síndrome da mãe conectada 24 horas, por meio dos seus smartphones, IPads, IPhones, Itudo. Eu sofro forte dessa síndrome, sinto necessidade de estar conectada o tempo todo através do Twitter e mesmo quando não tenho nada a escrever ou comentar, quero ficar ali rolando a TL pra ver se está acontecendo alguma coisa, vendo a vida dos outros passar, sem ser stalker nem nada, por pura curiosidade. Me sinto menos sozinha nesse mundão.

Meu smartphone está programado para avisar a cada mention à minha @, cada e-mail que chega, cada alerta do meu calendar. DMs piscam e dão alerta sonoro (quem é doido de perder uma DM?). Whatsapp faz um barulhão. Quando nada pisca me sinto abandonada, esquecida, deixada de lado. Não tem 3G? Morro. Tem wi-fi? Vivaaaaa! Sou doida? Sou, mas acho que você também é.

Nos nossos encontros sempre tem uma foto de alguém com seus celulares em punho rolando a tela. Normal, ninguém julga. Já troquei mensagens com pessoas que estavam na mesma mesa que eu, aquelas mensagens que não dá pra falar pessoalmente, sabe como é? O silêncio nesses encontros, embora aconteça muito raramente, não fica constrangedor quando cada uma está lá se atualizando ou vendo fotos, respondendo uma mensagem. É nossa realidade. Difícil é controlar o ímpeto de ficar sempre com o celular na mão quando não se está perto de pessoas que não compartilham dessa realidade. As pessoas não entendem. Vivo levando bronca do meu pai, "Sai desse celular menina, o que você tanto vê aí?". Deu vergonha. Ele não vai entender e na verdade nem precisa, pois é de outro tempo, do tempo que as pessoas conversavam ali, cara a cara e que nem assim eram tão disponíveis - e expostas - quanto são hoje.

Vai dizer que nunca viu essa cena?

Acordo e vejo meus e-mails, minhas mentions, meus coraçõezinhos no Instagram. Depois vou tomar café e cuidar da vida. Durante o dia, no intervalo de algumas atividades, leio mais e-mails, leio meu Reader, faço checkins, posto uma fotinho se o 3G colaborar, atualizo a Fan Page. Aprovo comentários dos blogs, respondo os necessários. Comento em alguns, mentira, não comento em nenhum, shame on me. Blogo. Perco um tempo do meu dia com isso, mas quem não se cuida perde o dia fácil. Quer dizer, nem sempre é tempo perdido, é gostoso dar risadas e jogar conversa fora, mas também é bom viver um pouco fora dessa telinha minúscula. Estou tentando me policiar pra não me deixar ser engolida por toda essa virtualização. Na verdade já fui engolida e estou tentando abrir a boca desse jacaré de dentro pra fora. A internet me trouxe pessoas importantes, amigas que se tornaram reais, trouxe pessoas que gosto que estejam 'por perto'. Mas também já me afastou de gente do mundo real. E não estou disposta a perder mais, muito pelo contrário.

Estou tentando me comprometer e me organizar. Amo esse mundo, mas o outro mundo, o de pessoas de carne e osso, com toques, beijos, abraços, carinhos, choro e risadas precisa de mim também. E eu preciso dele. Ah, preciso sim.


Imagens deste post: Getty Images

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